Paraty é uma linda cidade do litoral sul de Rio de Janeiro, muito conhecida pela beleza de sua arquitetura colonial, pelas praias, turismo ecológico e também pela FLIP, Festa Internacional Literária de Paraty, que acontece anualmente, geralmente em junho, e atrai um turismo seleto de intelectuais, autores, escritores e leitores ávidos por livros, e seus ricos conteúdos, além da proximidade com seus escritores favoritos.
O desejo de conhecer Paraty foi despertado com as notícias da FLIP, ocasião em que a cidade se destaca no cenário nacional, por atrair num só lugar(e que lugar!) leitores sedentos e escritores de diversas partes do mundo.
Eu, que sou amante dos livros e do turismo, ficava encantada com as imagens da cidade mostradas pela TV, divulgando o evento e o raro encontro entre leitores e seus ídolos da literatura, no cenário mágico de Paraty. Mas descobri que a FLIP é uma de tantas razões para ir a Paraty.
A cidade foi fundada em 1667, é considerada Patrimônio Histórico Nacional pelos seus encantos naturais e arquitetônicos, teve grande influência econômica por causa de seus inúmeros engenhos de cana-de-acúcar. No século XVIII serviu como importante porto de onde saiam as riquezas de Minas para Portugal, mas a construção da Estrada Real a levou a um isolamento e só despertou para o turismo após a abertura da estrada Paraty-Cunha e a construção da Rodovia Rio-Santos, na década de 70, tornando-se polo de turismo nacional e internacional.
Em torno de Paraty estão situados o Parque Nacional da Serra da Bocaina, a Área de Proteção Ambiental do Cairuçú, onde está a Vila da Trindade, a Reserva da Joatinga, e ainda, faz limite com o Parque Estadual da Serra do Mar, o que favorece o turismo ecológico.
Fomos àquela pacata cidade em outubro de 2014, para passar três dias e quatro noites. Foi o suficiente para curtir bem a cidadezinha e conhecer algumas praias da redondeza, comer bem, ouvir boas músicas, mas acredito que para a exploração do turismo ecológico, seja necessário mais tempo. Isso porque a região é rica em ilhas, praias e trilhas ecológicas que são um forte atrativo para quem curte esse tipo de aventura.
Lá, as ruas de pedras grandes e disformes nos obrigam a andar sem pressa, se possível de braços dados, necessariamente de chinelo ou tênis, como que a exigir simplicidade e tranquilidade. Tudo o que eu queria.
A tranquilidade do ambiente e o caminhar vagaroso das pessoas pelo Centro Histórico, devido às pedras “pés-de-moleque” das ruas, parece nos remeter a outra época e a presença maciça de turistas de diversos países, nos passa a sensação de estar em Portugal.
A beleza e o colorido dos casarões e igrejas marcam o estilo de época e os misteriosos símbolos maçônicos que enfeitam as suas paredes nos aguçam a curiosidade e nos levam a imaginar quais os seus significados e como seria a vida no Brasil de antigamente. A proibição do tráfego de automóveis, confirmada pelas fortes e grossas correntes nas entradas das ruas de acesso ao centro histórico, contribui para esta viagem pelo tempo e, não fosse os trajes poucos e modernos, as sandálias havaianas e os tênis que imperam nos pés dos caminhantes, poderíamos pensar que o tempo parou em meados do século XVIII.
Como ir
Fomos pela Gol, de Recife para o Rio e depois pegamos um carro e seguimos pela rodovia Rio-Santos, numa viagem de cerca três horas e meia, percorrendo aproximadamente 250 km de uma estrada boa e de belas paisagens, que rendem boas fotos e tornam a viagem mais agradável.
Chegamos em Paraty no meio da tarde e ainda pudemos dar uma volta de reconhecimento pelo centro histórico, escolher com calma e agendar com antecedência o passeio de escuna para as ilhas e praias da região.
Onde ficar
Ficamos hospedados no Villa Del Sol Pousada, que fica fora do Centro Histórico, mas perto suficiente para ir caminhando, embora eu não recomendo o retorno a pé, tarde da noite. A pousada é boa, aconchegante e arborizada.
Outras pousadas nas proximidades do Centro são a Pousada das Pedras e a Pousada do Príncipe. Outra opção é a Pousadas Sandi, no centro histórico.
A vantagem de se hospedar no Centro Histórico é estar no foco do interesse, para quem vai a Paraty atraído pela beleza arquitetônica e cultural.
Há também áreas de Campings estruturados nas praias das redondezas e em Trindade, para os turistas mais descolados.
O que fazer
A primeira coisa é caminhar tranquilamente pelo centro histórico, para curtir o colorido da arquitetura local e localizar os pontos de interesse, que são muitos, tais como cafés, sorveterias, restaurantes, livrarias, lojinhas, ateliês, cachaçarías, que se espalham pelas ruelas.
Olhe cada detalhe das casinhas, portas e janelas, observando que em algumas ainda consta a identificação da família que nela reside, costume certamente da época colonial. Preste atenção nas portas e janelas em madeira e nos diversos desenhos das paredes e sacadas que compõem a beleza colorida de suas fachadas.
Escolha um bar, café, sorveteria ou restaurante que tenha uma mesinha na área externa, sente, deguste algo enquanto observa as pessoas caminhando pelas ruas, sem pressa e com cautela, um olho nas casas outro nas piso, para não tropeçar nas pedras grandes e disformes do difícil chão que também compõe a beleza do lugar.
Escolha um dos muitos e bons restaurantes para jantar ao som de boa música brasileira, saboreando a rica comida local. Muitos tem música ao vivo de excelente qualidade, em ambientes agradáveis e aconchegantes.
Visite as livrarias locais, que oferecem livros, cafés e ambientes mágicos para ficar horas e horas a ler ou conversar baixinho reverenciando o ambiente.
Visite as lojinha de artesanato e compre algo bem pitoresco para levar de lembrança.
Faça uma passeio de escuna, pelas ilhas e praias da região.
O que não recomendo
Não use sapatos ou sandálias de salto, pois você pode torcer o pé ao caminhar no chão irregular da cidade
Deixe a vaidade no hotel e use tênis confortável para bater pernas pela cidade, caso contrário suas pernas e pés sofrerão as consequências.
Toque final
Na minha opinião, Paraty não é lugar para badalações, agito, compras, correrias e estresse, exceto nos períodos de festivais (MIMO, FLIP, e outros), mas o turismo ecológico e as praias servem de atrativo para jovens, crianças e os adeptos de aventuras na natureza.
Estas e outras informações sobre a cidade podem ser obtidas no site oficial da cidade, www.paraty.com.br